sábado, 26 de julho de 2008

Atividade Central - parte II

Olá meus queridos,

Leiam com atenção até o fim e gritem se precisar de ajuda, ok?

Não sei se vocês estão acompanhando todos os trabalhos, mas eu estou me divertindo muito! É muita criatividade neste grupo... Que bom!

Publiquei todas as atividades no grupo e coloquei as fotos que vieram separadas num álbum. Depois passem por lá para conferir se o de vocês está correto e se falta alguém.

Os comentários de cada trabalho seguirão individualmente. Alguns já devem ter recebido, os que não receberam ainda receberão até o final de semana. No geral estão todos de parabéns pela coragem e pela criatividade. Não é todo mundo que sabe brincar sério assim.

Vamos começar a refinar o trabalho agora. Vocês pensaram e escreveram, criaram e concretizaram um ser. Cada um acha que conseguiu relacionar bem o ser ao seu planeta? Quero que todos reflitam sobre as justificativas propostas para que aquele ser pudesse viver bem no planeta.

Pensem com cuidado. Planetas muito semelhantes ao nosso exigem explicações muito mais complexas e organismos morfo-fisiologicamente semelhantes aos aqui encontrados. O que exige muito mais detalhes descritos. Por isso optamos por propor seres extraterrestres, totalmente livres de qualquer explicação orgânica ou estrutural complexa. Esperamos apenas que sejam compatíveis com seus planetas e que haja justificativa plausível para o funcionamento e a estrutura de seus corpos.

Quem desejar reenviar o texto, pode fazê-lo desde já. Mas eu gostaria mesmo de parabenizar a todos por chegarem até aqui. Não são todos que conseguem criar assim...

INÍCIO DA SEGUNDA PARTE

Para vocês que já passaram pela primeira etapa, a segunda etapa consiste na descrição sócio-cultural-econômica da sociedade onde vive o ser.

Significa falar da:

1. Estrutura social

Segundo a Wikipédia “Partindo da constatação de que os membros e os grupos de uma sociedade são unidos por um sistema de relações de obrigação, isto é, por uma série de deveres e direitos (privilégios) recíprocos, aceitos e praticados entre si, a estrutura social refere-se à colocação e à posição de indivíduos e de grupos dentro desse sistema de relações de obrigação.”

“Por outras palavras, o agrupamento de indivíduos, de acordo com posições, que resulta dos padrões essenciais de relações de obrigação, constitui a estrutura social de uma sociedade (Brown e Barnett).”,

Há uma separação por classes? Como é a estrutura? Se não há como se organizam?

2. Política (como se relacionam e se organizam estes seres na forma da lei e sob que forma de governo),

3. Cultural

Segundo a Wikipédia “Cultura (do latim cultura, cultivar o solo, cuidar) é um termo com várias acepções, em diferentes níveis de profundidade e diferente especificidade. São práticas e ações sociais que seguem um padrão determinado no espaço/tempo. Se refere a crenças, comportamentos, valores, instituições, regras morais que permeiam e "preenchem" a sociedade. Explica e dá sentido a cosmologia social, é a identidade própria de um grupo em um território e num determinado período.”

Não esqueçam agora que, se vocês precisarem de ajuda estou aqui e que vocês têm toda a Internet a disposição de vocês para todo tipo de consulta!

Vale também encher o professor de Biologia, História, Português, Geografia etc etc.

Muitos beijos e espero continuar me surpreendendo!

Cristina

quinta-feira, 3 de julho de 2008

Atividade Central

Para todos que ainda não conseguiram visualizar a página do curso e para que possamos debater a realização da atividade. O texto reproduzido aqui encontra-se também na página do curso que está em http://200.156.70.12/sme/cursos/EAD/EA05/03_atvcentral.html.

Atividade central

E vamos, então, conhecer a proposta da equipe deste curso...

Nós propomos a cada um, criar um ser vivo EXTRATERRESTRE, real, que será confeccionado por cada um de vocês utilizando qualquer tipo de material que vocês considerem mais adequado como isopor, EVA, tesoura, cola, pilhas, papel alumínio etc..

Mas, se fosse só isso não precisava nem pensar muito, não é mesmo?

Este ser deve ser desenvolvido pensando na sua estrutura morfo-fisiológica. Como ele não será terreno, não precisa seguir os padrões dos organismos encontrados na Terra. Mas certamente precisa ter uma explicação lógica para o funcionamento de seu organismo e para a sua estrutura física.

Então, ao criar o ser, você já estará pensando em como DESCREVER a sua estrutura e o funcionamento de seu organismo.

Claro que este texto deve conter também o tipo de reprodução, locomoção, e tudo mais relacionado ao ser.

Quando eu digo tudo mais relacionado ao ser, quero lembrar a todos que cada um imaginará o ser e sua estrutura de acordo com as características do PLANETA onde ele vive! Portanto, não esqueça de acrescentar as características ambientais do planeta de origem deste ser... e de tudo que o rodeia.

O mais importante agora é lembrar que o ser deverá ser REAL. Ou seja, imagine, crie, desenvolva, elabore, construa o seu ser! E depois, mande uma foto digital dele para o e-mail do grupo (cursointerdisciplinaridade@yahoogrupos.com.br), JUNTO com o texto justificando o formato do corpo dele, explicando quais e como são as funções vitais deste estranho ser de outro planeta e como é o tal planeta!

Dúvidas?!?!? Escreva aqui no link "comentários".
Mão na massa!!!

Se desejar fazer uma busca no Google, mas tiver alguma dúvida sobre a melhor maneira de realizá-la, veja as dicas a seguir:

Para utilizar o Google vá para www.google.com.br. Algumas dicas poderão facilitar sua pesquisa.

  1. Ao iniciar a pesquisa escolha um termo ou expressão. Por exemplo, “açúcar” ou “história do açúcar” ou “gasto energético”. Repare que as expressões estão entre aspas. Sempre que desejar encontrar uma expressão completa, coloque-a entre aspas e o site de busca irá procurar sites e páginas com aquela expressão exata.
  2. Se deseja encontrar as palavras ou expressões soltas no texto do site coloque aspas para separar as palavras. Por exemplo, “cultura”+”religião” ou “energia”+”utilização da glicose”.
  3. Você poderá restringir a sua busca a sites em português, mas sempre há a possibilidade de perder informações novas e interessantes. Portanto, se você acha possível ler em inglês ou espanhol, opte pela busca na web.
  4. Após realizar a busca, o Google oferecerá centenas, muitas vezes milhares, de endereços com as expressões que você estiver procurando. Neste momento, muito cuidado! É preciso lembrar que qualquer pessoa – estudante, professor, curioso ou palpiteiro – pode publicar um texto na Internet.
  5. Esta é uma dica muito importante. Procure entrar somente em endereços confiáveis. São endereços chamados de confiáveis ou fidedignos, aqueles cujo conteúdo está sob a responsabilidade de alguma instituição, no nosso caso, de pesquisa (como p.ex. FIOCruz) ou universitária. Ou artigos publicados em revistas científicas on line que exigem a verificação dos textos através de consultores especializados nas áreas específicas, como as revistas da Rede Scielo (Scientific Electronic Library Online) - http://www.scielo.org/php/index.php, ou seja, pode confiar em endereços onde apareça “scielo”.
  6. Textos completos com bibliografia (que poderá ser verificada) também podem ser utilizados, com os devidos cuidados e com visão crítica!

segunda-feira, 16 de junho de 2008






Olá Turma, desculpe a demora na postagem, mas não conseguia decidir de tantas coisas boas que vi. Achei melhor deixar vocês decidirem, até porque me identifiquei com todos eles...
Se algum deles mexeu com você, comente!

Fonte: Mafalda desenhado por Quino e publicado por Editora Martins Fontes, São Paulo - 1994. joaojosefonseca.zip.net/

domingo, 8 de junho de 2008

Interdisciplinaridade: um avanço na educação

imagem: http://web.educom.pt/p-com/projecto.htm


Em grandes grupos, em dupla ou até mesmo sozinho é possível integrar diferentes matérias e levar os alunos a compreender plenamente os conteúdos curriculares.
Nova Escola - ago/2004 – Edição 174


Reportagem de capa



Há três anos, um apagão obrigou a população a racionar energia e o Brasil a buscar alternativas. A crise, mostrada à exaustão nos noticiários, passou a ser o centro das discussões nas salas de aula. Seis professoras do Colégio Santa Maria, de São Paulo, foram além e se reuniram em torno de um projeto interdisciplinar. Desde então, os alunos estudam fontes alternativas de energia, produzem aquecedores solares e ensinam a população a utilizá-los. O sucesso do projeto se explica principalmente porque os conteúdos de Ciências, Matemática, Geografia, Língua Portuguesa, História e Ensino Religioso foram colocados a serviço da resolução de um problema real, de forma integrada.

Um ambiente de aprendizagem como o que se formou no Santa Maria também pode nascer em sua escola. Essa abordagem interdisciplinar só acontece quando os conteúdos das disciplinas se relacionam para a ampla compreensão de um tema estudado. "A relação entre as matérias é a base de tudo", afirma Luís Carlos de Menezes, professor da Universidade de São Paulo. Muita gente acha, porém, que basta falar sobre o mesmo assunto para trabalhar de forma interdisciplinar. "Isso é apenas multidisciplinaridade", esclarece o consultor em educação Ruy Berger, de Brasília. Ao utilizar os conhecimentos de outras áreas que não são de seu domínio, você pode encontrar dificuldades. Mas aprender com os colegas é uma das grandes vantagens dessa prática, que estimula a pesquisa, a curiosidade e a vontade de ir aos detalhes para entender que o mundo não é disciplinar.

O caminho mais seguro para fazer a relação entre as disciplinas é se basear em uma situação real. Os transportes ou as condições sanitárias do bairro, por exemplo, são temas que rendem desdobramentos em várias áreas. Isso não significa carga de trabalho além da prevista no currículo. A abordagem interdisciplinar permite que conteúdos que você daria de forma convencional, seguindo o livro didático, sejam ensinados e aplicados na prática — o que dá sentido ao estudo. Para que a dinâmica dê certo, planejamento e sistematização são fundamentais. Ainda mais se muitos professores vão participar. É preciso tempo para reuniões, em que se decide quando os conteúdos previstos serão dados para que uma disciplina auxilie a outra. Por exemplo: você leciona Ciências e vai falar sobre consumo de energia. Para realizar algumas atividades, é imprescindível as crianças conhecerem porcentagem, que será ensinada pelo professor de Matemática. Quando as disciplinas são usadas para a compreensão dos detalhes, os alunos percebem sua natureza e utilidade.

Projetos interdisciplinares também pedem temas bem delimitados. Em vez de estudar a poluição, é preferível enfocar o rio que corta o bairro e recebe esgoto. A questão possibilita enfocar aspectos históricos, analisar a água e descobrir a verba municipal destinada ao saneamento. Quantas disciplinas podem ser exploradas? É possível que um caso assim seja trazido pela garotada. Convém não desperdiçar a oportunidade mesmo que você não se sinta à vontade para tratar do assunto. Não precisa se envergonhar por não saber muito sobre o tema. Mostre à classe como é interessante buscar o conhecimento. "A formação continuada do professor não se resume a realizar um curso atrás do outro, mas também ler diariamente sobre assuntos gerais", complementa Berger. Dessa maneira, ele aprende a aproveitar motes que surgem em sala e que tendem a ser produtivos se abordados de forma ampla.

No livro Globalização e Interdisciplinaridade, o educador espanhol Jurjo Torres Santomé, da Universidade de La Coruña, afirma que a interdisciplinaridade dá significado ao conteúdo escolar. Ela rompe a divisão hermética das disciplinas. Se a sua escola não trabalha dessa maneira, experimente lançar a discussão em reuniões. Outra opção é deixar seu planejamento à disposição para que os colegas saibam que matéria você dará e em que momento. Assim, os interessados podem se organizar para agir em conjunto. A coordenação tem um papel mediador, sugerindo parcerias e provocando o diálogo. Esse tipo de trabalho pode até ser feito por apenas um professor. Mas, nesse caso, a equipe estaria perdendo uma ótima oportunidade de obter resultados mais significativos.

Nesta reportagem, apresentamos três exemplos de projetos interdisciplinares. Além da experiência em grupo do Colégio Santa Maria, de São Paulo, você vai conhecer uma dupla de Goiânia que só tinha a hora do cafezinho para planejar um projeto conjunto e uma professora de Ribeirão Pires (SP) que, sozinha, recorreu aos conteúdos de outra disciplina para aumentar o interesse pelas aulas.


Um grupo de mãos dadas para ensinar


Quando o apagão de 2001 forçou milhões de brasileiros a reduzir o consumo de energia elétrica, a professora de Ciências Maria Lúcia Sanches Callegari, do Colégio Santa Maria, em São Paulo, fez uma proposta às 5ªs séries: construir um aquecedor solar (o modelo didático pode ser visto no endereço http://revistaescola.abril.com.br/edicoes/0174/aberto/mt_72298.shtml). Logo a idéia despertou o interesse de outras cinco professoras. Todas se envolveram e, utilizando o horário reservado para o trabalho coletivo, montaram um projeto conjunto, que vem se repetindo anualmente. Para conciliar tantas disciplinas, o planejamento é feito logo no início das aulas. Dessa forma, os professores abordam conteúdos de seu currículo de acordo com as etapas da construção e da instalação do aquecedor.

A professora de Geografia trabalhou o clima brasileiro e conceitos de orientação utilizando a bússola, para que todos localizassem o norte, direção para onde a placa do aquecedor deveria estar voltada ao ser instalada sobre as casas. A de Matemática pediu uma pesquisa sobre o consumo de energia dos eletrodomésticos e explorou conceitos de proporção ao calcular com a garotada o tamanho das placas solares de acordo com o volume das caixas d'água.

Em História, foram resgatados os motivos econômicos que causaram a degradação do meio ambiente brasileiro. Nas aulas de Ciências, os estudantes pesquisaram as fontes de energia no país e quais alternativas apresentam menos impacto ambiental. Com a professora de Língua Portuguesa, eles bolaram questionários para entrevistar as famílias que receberiam o equipamento. O objetivo das aulas de Ensino Religioso foi orientar os estudantes no contato com a comunidade, para que eles compreendessem as razões das diferenças entre a realidade deles e a dos moradores de bairros carentes. "A idéia de doar os aparelhos para a população foi das próprias crianças", lembra a orientadora da 5ª série Ivani Anauate Ghattas.

As avaliações também são formuladas de maneira interdisciplinar. Em História, por exemplo, os estudantes são desafiados a discorrer sobre o extrativismo predatório ocorrido no Brasil Colônia. Além disso, o objetivo é levá-los a associar os prejuízos ao meio ambiente que hoje ameaçam a qualidade de vida, conteúdos que, na teoria, fariam parte do programa de Ciências. Além de confirmarem que a fórmula tem sido vitoriosa no que se refere à aprendizagem da turma, as seis professoras contabilizam ganhos pessoais. "Temos aprendido sempre para colocar nosso conhecimento a serviço dos estudantes", afirma Maria Lúcia.


Sem tempo, dupla se reúne na hora do café.


Um dos conteúdos de Ciências é o sistema respiratório. Nas 7ªs séries do Colégio Estadual Juvenal José Pedroso, em Goiânia, os esquemas mostrando o pulmão, a faringe e o nariz não estavam sendo suficientes para chamar a atenção dos alunos da professora Cleusa Silva Ribeiro. Uma parceria sugerida pela professora de Língua Portuguesa, Paula Rodrigues Garcia Ramos, deu um novo enfoque ao tema e às aulas. Na escola onde as duas lecionam, a interdisciplinaridade não é prática, até por falta de tempo. Cleusa e Paula dão aulas em mais de um período. "O jeito foi nos encontrarmos nos intervalos, nos corredores, na hora do café ou dar uma fugidinha de vez em quando até a sala da outra", conta Cleusa. A dupla sugeriu aos adolescentes que fizessem histórias em quadrinhos sobre o que estavam estudando nas aulas de Ciências. O pulmão e a laringe ganharam braços, pernas, olhos e bocas e tornaram-se personagens. "Trabalhamos as figuras de linguagem e estudamos estruturas de diálogo. Para elaborar o texto, eles tinham que dominar bem o conteúdo de Ciências. Deu certo", avalia Paula.

O projeto tomou mais consistência quando os estudantes sugeriram abordar nos quadrinhos temas como os malefícios do cigarro ou da poluição. Para dar conta do recado, as professoras começaram a estudar com as turmas. Paula admite que pouco sabia sobre o assunto e acabou adquirindo conhecimentos importantes para ajudar nas tarefas. Para Cleusa, a experiência foi ainda mais positiva. "Alertei meu aluno sobre um erro de ortografia. Ele argumentou que a aula não era de Língua Portuguesa. Respondi que para um bom trabalho, de qualquer área, é preciso escrever corretamente." Com esse projeto a turma aprendeu como a língua está relacionada a Ciências. "Trabalhar assim é compreender um século de avanço na educação", defende Menezes.

Sozinha, professora une Artes e Química.

O interesse pela Química entre as classes do Ensino Médio da Escola Estadual João Roncon, em Ribeirão Pires (SP), era muito pequeno. Muitos jovens tinham dificuldades de interpretação e precisavam desenvolver o raciocínio lógico para acompanhar as aulas. "Para reverter a situação, fui buscar uma forma mais estimulante de ensinar", explica a professora Maria Clara Maia Ceolin. E foi na interdisciplinaridade que ela encontrou uma saída. "Pensei em algo lúdico e que envolvesse expressão. Nada melhor que a arte", diz Maria Clara.

Seu objetivo era mostrar como a Química está presente nos materiais utilizados pelos artistas. Antes de dar início ao projeto, a professora tentou parcerias com professores de outras disciplinas. Nem as respostas negativas nem a falta de estrutura da escola fez com que ela desanimasse. Sem laboratório, ela e os alunos buscavam água de balde e levavam para a classe. "Não desisti e decidi fazer tudo sozinha."

O planejamento incluía trabalhar com vários tipos de pigmento e estudar a evolução dos materiais. "No início, só usamos sulfite e vários tipos de carvão para desenhar", conta. Os jovens estudaram a composição do material e mais adiante a professora pediu uma pesquisa sobre a história da arte. Em uma linha do tempo, mostraram os pintores de diferentes movimentos e as técnicas e materiais utilizados desde a Antigüidade. A próxima etapa envolveu a releitura de obras utilizando tintas feitas pelos próprios adolescentes.

Maria Clara consultou livros, fez pesquisas na internet, conseguiu gravuras de quadros famosos e lançou mão de disciplinas como História e Geografia para dar suas aulas. Além de assimilar o conteúdo previsto no planejamento de Química, os estudantes se envolveram nas aulas e ainda se descobriram artistas talentosos. Tudo isso entrou na avaliação.

O sucesso foi tão grande que Maria Clara repetiu a experiência com as turmas de Ensino Fundamental e de suplência e deu oficinas na Diretoria de Ensino de Mauá (SP) para professores de Química. Com materiais simples e baratos e boa vontade, Maria Clara atingiu seu objetivo. "Acredito que abordar os conteúdos da minha disciplina com o apoio de outra área deu mais significado às aulas. O ideal seria os professores entenderem que projetos assim funcionam melhor se feitos em parceria."





Como ensinar relacionando disciplinas


  • Parta de um problema de interesse geral e utilize as disciplinas como ferramentas para compreender detalhes.
  • Como um professor especialista, você tem a função de um consultor da turma, tirando dúvidas relativas à sua disciplina.
  • Inclua no planejamento idéias e sugestões dos alunos.
  • Se você é especialista, não se intimide por entrar em área alheia.
  • Pesquise com os estudantes.
  • Faça um planejamento que leve em consideração quais conceitos podem ser explorados por outras disciplinas.
  • Levante a discussão nas reuniões pedagógicas e apresente seu planejamento anual para quem quiser fazer parcerias.
  • Recorra ao coordenador. Ele é peça-chave e percebe possibilidades de trabalho.
  • Lembre-se de que a interdisciplinaridade não ocorre apenas em grandes projetos. É possível praticá-la entre dois professores ou até mesmo sozinho.

terça-feira, 22 de abril de 2008

VISITA DE RUBEM ALVES A ESCOLA DA PONTE (PORTUGAL)

Esta é uma crônica que fala sobre uma escola muito especial de Portugal - a Escola da Ponte. Rubem Alves descreve maravilhado, aqui e em várias outras crônicas publicadas em seu site, o funcionamento desta escola. Leiam com cuidado e NÃO DEIXEM de comentar o texto clicando no link lááááá no final. Esta é nossa primeira ação/atividade. Boa leitura!

Quando visitei a Escola da Ponte o tema quente era a descoberta do Brasil e tudo o mais que a cercava. As crianças estavam fascinadas com os feitos dos navegadores seus antepassados nessa aventura, mais ousada que a viagem dos astronautas à lua. Imagine agora que algumas crianças tenham ficado curiosas diante do assombro tecnológico que tornou os descobrimentos possíveis, as caravelas. Organizam-se num grupo para estudá-las. Um diretor de escola rigoroso e cumpridor dos seus deveres torceria o nariz. ‘O tema ‘caravelas’ não consta de nenhum programa nem aqui e nem em nenhum outro lugar do mundo’, ele diria. E concluiria: ‘Não constando de nenhum programa não deve ser objeto de estudo. Perda de tempo. Não vai cair no vestibular.’
Acontece que uma caravela é um objeto no qual estão entrelaçadas as mais variadas ciências. As caravelas são um laboratório de física. Parece que a caravela brasileira, construída para comemorar o descobrimento, teve de retornar ao ancoradouro, por perigo de emborcar. Um famoso vaso de guerra sueco, o Wasa, se não me engano do século XVI, virou e afundou depois de navegar por não mais que 400 metros. Retirado do fundo do mar há cerca de 25 anos, ele pode ser visto hoje num museu de Estocolmo. O que havia de errado com o Wasa e a caravela brasileira? O que havia de errado tem, em física, o nome de ‘centro de gravidade’. O centro de gravidade estava no lugar errado. O tal centro de gravidade é o que explica por que os bonequinhos chamados João Teimoso não caem nunca! A regra é: para não emborcar, o centro de gravidade do navio deve estar abaixo da linha do mar. Essa é a razão por que os navios, freqüentemente, têm necessidade de um lastro - um peso que faz com que o centro de gravidade se desloque para mais baixo. Se o centro de gravidade estiver fora do lugar, o navio vira e afunda.
Os estudantes aprendem, em física, como parte do programa abstrato que têm de aprender, uma regra chamada do ‘paralelogramo’ - regra de composição de forças. Duas forças incidindo sobre um ponto, uma delas F1, a outra F2, cada uma numa direção diferente. Para onde se movimenta o objeto sobre o qual incidem? Nem na direção de F1, nem na direção de F2. Diz essa regra que o objeto vai se movimentar numa direção que se determina pela construção de um ‘paralelogramo’. É o que se chama de ‘resultante’. Os alunos aprendem a resolver o problema no papel, mas não sabem para que ele serve na vida. E o aprendido escorre pelos furos do ‘escorredor de macarrão’... Pois é essa regra que explica, teoricamente, o mistério de um barco que navega numa direção contrária à do vento. Se o barco estivesse à mercê do vento ele só navegaria na direção em que o vento sopra, situação essa que tornaria a navegação impossível. Quem se aventuraria a navegar num barco que só navega na direção do vento e não na direção que se deseja? Mas os navegadores descobriram que, com o auxílio de uma outra força, de direção distinta da direção do vento, é possível fazer com que o barco navegue na direção que se deseja. E é essa a função do leme. O leme, pela resistência da água, cria uma outra força que, colocada no ângulo adequado, produz a direção de navegação desejada. Os alunos aprenderiam melhor se, ao invés de gráficos geométricos, eles fossem instruídos na arte da navegação. Da física passamos à história, a influência de Veneza, dominadora do Mediterrâneo com seus barcos, sobre a tecnologia lusitana de construção de caravelas. Da história para a astronomia, a ciência da orientação pelas estrelas. O astrolábio. A bússola. Daí, para esses assombros simbólicos chamados mapas - que só fazem sentido para o navegador se ele conhecer a arte de se orientar, a direção do norte, mesmo quando nada pode ser visto, a não ser o oceano que o cerca por todos os lados. (Olhando para a lua, de noite, você é capaz de dizer a direção do sol?). Dos mapas para a literatura, a Carta de Pero Vaz de Caminha, a poesia de Camões, a poesia de Fernando Pessoa: ‘Ó mar salgado, quando do seu sal são lágrimas de Portugal! Por te cruzarmos quantas mães choraram, quantos filhos em vão rezaram! Quantas noivas ficaram por casar para que fosses nosso, ó mar! Valeu a pena? Tudo vale a pena se a alma não é pequena. Quem quer passar além do Bojador tem de passar além da dor. Deus ao mar o perigo e o abismo deu, mas nele é que espelhou o céu.’
Aceitemos um fato simples: um programa cumprido, dado pelo professor do princípio ao fim, é só cumprido formalmente. Programa cumprido não é programa aprendido - mesmo que os alunos tenham passado nos exames. Os exames são feitos enquanto a ‘água’ ainda não acabou de se escoar pelo ‘escorredor de macarrão’. Esse é o destino de toda ciência que não é aprendida a partir da experiência: o esquecimento.
Quanto à ciência que se aprende a partir da vida, ela não é esquecida nunca.

A vida é o único programa que merece ser seguido.

Rubem Alves
http://www.rubemalves.com.br/escoladaponte5.htm

Site oficial da escola da ponte:

http://www.eb1-ponte-n1.rcts.pt/html2/portug/bemvindo.htm